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Última chance de Copenhague

Andreia Fanzeres e Gustavo Faleiros 16/12/2009,

As coisas não estão nada fáceis na 15a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A apenas 48 horas para a participação de 110 líderes mundiais, entre eles os presidentes Barack Obama, Lula e Nicholas Sarkozy, o estado das negociações do novo acordo climático é “desolador” para alguns, “incerto” para outros e até “trágico” para os mais preocupados. Ontem, durante abertura do segmento de alto nível, a então presidente da Conferência, a ministra dinamarquesa para Mudança Climática, Connie Hedegaard, resumiu bem a situação: “Temos a chance de sermos bem sucedidos, mas existe o risco de fracassarmos”, alertou.


Na manhã desta quarta, Hedegaard resolveu renunciar ao cargo por estar sendo acusada de não conduzir negociações com transparência. O primeiro ministro da Dinamarca, Lars Rasmunssen, assumiu a presidência da conferência.

A dificuldade que enfrentam delegados é encontrar uma base comum de negociação pois desde o início do encontro de Copenhague o que ocorre é uma verdadeira guerra de esboços com propostas para o novo acordo. Na sexta, o chamado Grupo de Trabalho Ad-Hoc de Ações Cooperativas de Longo Prazo, que trabalha com os objetivos gerais da Convenção do Clima, apresentou um texto sobre o qual se esperava maior consenso. Mas Estados Unidos e Japão rejeitam a maioria destes pontos, o que levou a ministra Hedegaard a formar grupos de consulta informais para lidar com cada um dos pontos polêmicos da negociação. (acompanhe atualizações no quadro abaixo.)

Os resultados destes grupos de trabalho, que ficaram reunidos durante toda a madrugada desta quarta, serão apresentados hoje. E, se aprovados pelas delegações, serão levados para a aprovação final dos chefes de estado. Ninguém tem a ilusão de que Obama, Gordon Browm, Lula ou Angela Merkel vão de fato botar a mão na massa e discutir metas e detalhes da diplomacia climática. Como observou o secretário-geral da Convenção do Clima, Yvo de Boer, os líderes estão em Copenhague para assinarem um bom acordo e brilharem nas fotos.

Mas De Boer reclamou da morosidade com que as negociações estão sendo feitas. “Progressos ocorreram, mas ainda estamos muito longe de um acordo”, contou durante coletiva de imprensa. Segundo ele, não há resultados nas discussões sobre finanças – a estrutura financeira que será utilizada para gerenciar recursos de mitigação e adaptação da mudança do clima – e no debate sobre metas de longo prazo – se redução global de gases de efeito estufa será, de 50%, 60% ou 80%. Outro ponto de discórdia é o limite global para o aumento da temperatura. Enquanto a Aliança das Pequenas Ilhas e o Grupo Africano insistem que o acordo deve mirar em 1,5oC no máximo, muitos países, incluindo o Brasil, não acham que seja realista lutar por menos de 2oC.

Posições fixas

Apesar dos pedidos dramáticos da ministra dinamarquesa Connie Hedegaard e, Yvo de Boer pelo avanço nas negociações em Copenhague, parece que nada saiu do lugar. O negociador dos Estados Unidos, Todd Stern, disse com todas as letras que não vai mudar sua posição em relação à redução emissões de gases estufa até sexta-feira, quando termina a COP15. Isto é, ficarão na promessa de cortar, até 2020, cerca de 17% das emissões em relação a 2005, e defendem que já estão fazendo muito. Isso representa apenas 4% do que o país emitia em 1990, ano de referência estabelecido pelo Protocolo de Kyoto, do qual não são signatários. Kyoto demandou um corte médio de 5,2% com base naquele ano.

Os Estados Unidos insistem que nenhum acordo será possível se a China não se comprometer com metas de corte de emissões com as mesmas obrigações dos países desenvolvidos. O negociador da União Européia, Stravos Dimas, argumentou na mesma linha, mas não poupou os Estados Unidos. “Não vamos alcançar o objetivo de limitar o aquecimento do planeta em 2 graus Celsius se não houver mais ambição por parte dos americanos e chineses, que juntos respondem por metade de todas as emissões do planeta hoje”. Dimas não aceitou as críticas de que a União Européia esteja fugindo de sua responsabilidade pelos gases acumulados na atmosfera. “Nós somos os maiores apoiadores do Protocolo de Kyoto. Mas como podemos aceitar que países desenvolvidos e as grandes economias emergentes que são grandes emissores hoje possam se comprometer com mecanismos de verificação diferentes?”, disse.

O Brasil apoia o grupo dos grandes países em desenvolvimento (G77+China) e defende que as regras de Kyoto sejam utilizadas para impor obrigações adicicionais de redução de emissões apenas aos países desenvolvidos. A estratégia já é discutida deste a reunião de Bali, em 2007, quando foi lançada a negociação em dois trilhos, um da Convenção do Clima, para se definir metas de longo prazo, que incluem os Estados Unidos, e outro do Protocolo de Kyoto, onde os países que já assumiram metas simplesmente aceitariam em ter um segundo período de compromissos.

A briga em torno do formato 'dois trilhos' de negociação pode realmente levar ao fracasso de Copenhague, pois países ricos não querem mais negociar dentro de Kyoto. Um reforço, no entanto, foi garantido ontem pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon. “O Protocolo de Kyoto deve continuar a existir pois é o único instrumento legal que temos para garantir a redução de emeissões dos gases de efeito estufa”, afirmou. Yvo de Boer demonstrou impaciência com o ritmo das negociações nesta terça-feira, e ironizou. “Sabemos que precisamos encaminhar as preocupações de todos os países, e isso leva tempo. Mas também temos que entender que boa parte dos indianos sequer tem acesso à eletricidade. Como podemos querer apagar a luz deles?”,

Posted by asd Wednesday, December 16, 2009

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